Ilhados
Um rio ao invés de rua
Moradores da rua Carlos Gotuzzo Giacoboni enfrentam dificuldades para sair de casa devido ao acúmulo de água
Jô Folha -
Há quase três meses os moradores da rua Carlos Gotuzzo Giacoboni, no bairro Fragata, não enxergam o asfalto da via, isso porque um verdadeiro rio se instalou entre as casas. Pela falta de um canal com o escoamento adequado, o acúmulo de água impossibilita a passagem dos moradores pela via, os ônibus do transporte coletivo começaram a realizar desvios e os motoristas precisam ficar atentos para não bater os para-choques dos carros nos buracos que se formaram no asfalto. O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) aguarda o lançamento de uma licitação para a compra de um equipamento flutuante, a fim de construir um novo sistema de escoamento capaz de acabar com o problema.
Para os moradores, ver a rua alagada não é uma novidade. Taiara Dias, de 27 anos, mora no local desde que nasceu e lembra que sempre viu a rua cheia em dias chuvosos. Contudo, o nível de água que se acumula desde as últimas semanas assusta os residentes. "É um absurdo (...). É horrível de passar carro aqui", reclama. Com uma filha pequena, de quatro anos, ela conta que o trajeto tem se tornado cada vez mais difícil. Os dias quentes não ajudam a baixar a água, tampouco as três galerias que dão acesso à tubulação, instaladas na quadra. Na rampa de entrada das garagens, o limo também começou a acumular e deixa o pouco que resta das calçadas com o piso escorregadio, o que dificulta ainda mais o caminho diário dos moradores do bairro.
Além do limo, outros moradores passaram a criar endereço na Carlos Giacoboni. Taiara conta que várias cobras já foram vistas, chegando a invadir as casas. A rua é uma das principais de acesso ao Parque de Eventos Fenadoce. O movimento de carros, caminhões e motos é constante. Com a água acumulada, alguns desavisados que desconhecem os problemas do local ainda ousam enfrentar a rua. "Eles acabam caindo no buraco e batem o para-choque, umas quatro placas já ficaram por aqui", contou a moradora.
A passagem de veículos prejudica os que trabalham com oficinas, como é o caso do Júlio César Cardoso. Ele possui uma oficina de chapeamento e pintura no local, e viu o movimento de clientes despencar nos últimos dois meses. "Já baixou quase 70% do meu movimento", afirma. Com a água, vem a umidade. Efeito que atrapalha diretamente o serviço de pintura dos veículos - trabalho que exerce há 15 anos no local. Os buracos no asfalto da rua também impossibilitam a passagem das linhas de transporte coletivo do Bairro Fragata. Alguns dos itinerários passaram a realizar um desvio, evitando transitar pela via.
Área de absorção
Poucos metros de distância separam a oficina de Júlio de um canal de escoamento de água. Apesar disso, o acúmulo persiste. De acordo com o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, o único canal não é suficiente. Ele justifica o problema com a urbanização da área que ocorreu nos últimos anos. O local, hoje ocupado pelos moradores, foi projetado para ser uma área de absorção de água da chuva, com direção ao canal. Com o tempo e com as construções das residências, o solo passou a ficar saturado, explica Garcia. "A água não chega ao canal que existe ali", frisa.
Para que o problema seja solucionado e a rua fique livre da água acumulada é preciso que seja realizada a compra de um equipamento adequado. "Por enquanto não conseguimos executar nada, nossa máquina afunda", ressalta. Os trâmites de uma licitação para compra do equipamento flutuante já foram iniciados dentro da autarquia. Assim que finalizado o processo interno, a licitação estará aberta para as empresas. Em média, os trâmites do gênero se estendem por cerca de 20 dias, alega o diretor-presidente. Mesmo sem um prazo estipulado, ele garante: "A solução está próxima."
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